Acervo Musical Afonso Prates da Silva

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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

EU ACUSO...



CHEGAMOS AO FUNDO DO POÇO

Após refletir muito, hoje me convenci que estamos no Fundo do Poço.
Os anos passaram, eu sempre acreditando que iríamos melhorar; somos um país continental, produzimos quase tudo que necessitamos, temos uma agricultura excelente, somos uns dos maiores produtores de grãos do mundo, enfim, o que nos falta então? Ou governo inicia um tratamento de choque, ou ninguém conseguirá consertar este país. Na área da Educação fomos regredindo ano a ano até chegarmos ao ponto de hoje; na área da saúde, estamos com hospitais sucateados o povo sofrendo e morrendo nos corredores; e finalmente a segurança. Estamos vivendo sem garantias de nossos bens, de nossas vidas, culpa de leis criadas para facilitar o criminoso. O caso mais estúpido destas leis é referente ao ECA. É um absurdo um jovem de 17 anos ter tantas regalias, ri das autoridades constituídas, são os “ 007 da Vida”-possui autorização para matar. O povo está saturado de tantas injustiças. Agora, estamos iniciando o período eleitoral e lá vem os candidatos com o maior cinismo falar no tripé do seu governo (Educação, Saúde e Segurança) dá nojo ouvi-los, sabemos que nem eles possuem  garantias. Cheguei a este raciocínios lendo um artigo do Prof. De Direito Igor Pantuzza Wildmann, “ Tributo ao professor Kássio Vinicius Castro Gomes”,  vou citar alguns fragmentos deste artigo:  
Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado "dano moral" do estudante foi ter que... estudar!).” [...]
". Deixe o aluno "construir seu conhecimento." Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, "é o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando...[...]
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de "novo paradigma" (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: "o bandido é vítima da sociedade", "temos que mudar ‘tudo isso que está aí'; "mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico'."[...]
“Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que "o mundo lhes deve algo".[...]
“Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.” [...]
“Ao assassino, corretamente, deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:” [...]
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;” [...]

“ EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos alunos";[...]

“EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;” [...]

“ EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;” [...]

“ EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;“ [...]

“ EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento";[...]

“EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma” nova cultura de paz", pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito às normas, à autoridade e  do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;” [...]

“ Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.” [...]
Bem amigo(a), agora é com você; tire suas conclusões.

                                

3 comentários:

Leila Fonseca disse...

Muito bom texto. Infelizmente, a falta de limites imposta pela hipocrisia dos pseudo educadores resulta na cena com a qual hoje nos deparamos. Meu irmão, professor, enviou-me certa vez uma charge em que um pai muito zangado, segurando o boletim, pergunta ao filho: "Que notas são essas?". Em outra tira, o pai, com o boletim nas mãos, pergunta a mesma coisa ao professor. E é essa a situação. Não se respeita o professor porque não há respeito em casa e, por consequência, não existe respeito ao próximo, às leis. Um verdadeiro caos. Moro perto de uma escola e, fico, às vezes observando o comportamento dos alunos. Se existe lixo para ser recolhido, chutam e o espalham pela rua. Chutam os portôes das casas, falam palavrões ( não só os meninos, as meninas também). Aqueles que deveriam dar exemplo são os primeiros a transgredir. A juventude de hoje está sem um parâmetro de bons princípios.
Abçs

J.Machado disse...

Muito bom este desabafo de forma consciente. O Brasil precisa mesmo de tratamento de "choque", mais ainda de um choque educacional, onde os valores e o bom senso sejam as bandeiras.
Parabèns pelo artigo!

Mara Verani disse...

Também gostei muito do texto. É um honesto e triste desabafo de uma realidade que precisa ser mudada.
Mas quando ?!
abraço