Uma simples
coincidência?
Sábado, dia
de descanso para muitos, entretanto para mim um dia comum; tinha terminado de
almoçar, passei pelo computador para verificar alguns E-mails. Estava lendo um
que me mandou meu amigo Rudy Fonseca, quando ouço a Mulher chamar-me a atenção;
tinha esquecido os remédios de uso contínuo. Por coincidência o artigo me era familiar. Terminei de ler ainda com um
sorriso e pensei: vou dividir com alguns colegas do “Ócio remunerado”.
Transcrevo
abaixo, vejam se há alguma coincidência com você também?
MEU
TIO TONICO
“Meu tio Tonico estava bem de saúde,até que sua esposa,
minha tia Marocas, a pedido de sua filha, minha prima Totinha, disse:
- Tonico, você vai fazer 70 anos, está na hora
de fazer um check-up com o médico.
- Para quê, estou me sentindo muito bem!
- Porque a prevenção deve ser feita agora, quando você ainda se sente
jovem, disse minha tia.
Então meu tio Tonico foi ver um médico. O
médico, sabiamente, mandou-o fazer testes e análises de tudo o que poderia ser
feito e que o plano de saúde cobrisse. Duas semanas mais tarde, o médico disse
que os resultados estavam muito bons, mas tinha algumas coisas que podiam
melhorar. Então receitou:
Comprimidos Atorvastatina para o colesterol
Losartan para o coração e hipertensão,
Metformina para evitar diabetes,
Polivitaminas para aumentar as defesas.
Norvastatina para a pressão,
Desloratadina em alergia.
Como eram muitos medicamentos, tinha que
proteger o estômago, então ele indicou Omeprazol e um diurético para os
inchaços.
Meu tio Tonico foi à farmácia e gastou boa
parte da sua aposentadoria em várias caixas requintadas de cores sortidas.
Nessas
alturas, como ele não conseguia se lembrar se os comprimidos verdes para a
alergia deviam ser tomadas antes ou depois das cápsulas para o estômago e se
devia tomar as amarelas para o coração antes ou depois das refeições, voltou ao
médico. Este lhe deu uma caixinha
com várias divisões, mas achou que titio estava tenso e algo contrariado.
Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para dormir.
Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as
receitas, o farmacêutico e seus funcionários fizeram uma fila dupla para ele
passar através do meio, enquanto eles aplaudiam.
Meu tio, em vez de melhorar, foi piorando.
Ele tinha todos os remédios num armário da
cozinha e quase já não saia mais de casa, porque passava praticamente todo o
dia a tomar as pílulas. Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos
remédios que ele usava, deu-lhe um cartão de “Cliente Preferencial”, um
termômetro, um frasco estéril para análise de urina e lápis com o logotipo da
farmácia.
Meu tio deu azar e pegou um resfriado. Minha
tia Marocas, como de costume, fez ele ir para a cama, mas, desta vez, além do
chá com mel, chamou também o médico.
Ele
disse que não era nada, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia e
Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como estava com uma pequena
taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de Amoxicilina. A cada 12
horas, durante 10 días. Apareceram fungos e herpes, e ele receitou Fluconol com
Zovirax.
Para piorar a situação, Tio Tonico começou a ler as bulas de todos os medicamentos que tomava, e ele ficou sabendo todas as contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas, efeitos colaterais e interacções médicas.
Leu
coisas terríveis. Não só poderia morrer, mas poderia ter também arritmias
ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão, insuficiência renal,
paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado mental e um monte de coisas
terríveis. Com medo de morrer,
chamou o médico, que disse para não se preocupar com essas coisas, porque os
laboratórios só colocavam para se isentar de culpa.
- Calma, seu Tonico, não fique aflito, disse médico, enquanto prescrevia uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotril 100 mg. E como titio estava com dor nas articulações deu Diclofenac.
Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a aposentadoria, ia direto para a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP.
Chegou
um momento em que o dia do pobre do meu tio Tonico não tinha horas suficientes
para tomar todas as pílulas, portanto, já não dormia, apesar das cápsulas para
a insônia que haviam sido prescritas. Ficou tão ruim que um dia, conforme já
advertido nas bulas dos remédios, morreu.
No funeral tinha muita gente mas quem mais chorava era o farmacêutico.
No funeral tinha muita gente mas quem mais chorava era o farmacêutico.
Agora tia Marocas diz que felizmente mandou titio para o médico bem na hora, porque se não, com certeza, ele teria morrido antes.”