João Rubinato, (Valinhos, 6 de agosto de 1910 — São Paulo, 23 de novembro de 1982), mais conhecido como Adoniran Barbosa, foi um compositor, cantor, humorista e ator brasileiro. Rubinato representava em programas de rádio
diversos personagens, entre os quais, Adoniran
Barbosa, o qual acabou por se confundir com seu criador dado a sua
popularidade frente aos demais. Adoniran ficou conhecido nacionalmente como o
pai do samba paulista.
Rubinato era filho de Ferdinando e Emma
Rubinato, imigrantes
italianos da localidade de Cavárzere, província de Veneza. Aos dez anos de idade, sua certidão de
nascimento foi adulterada para que o ano de nascimento constasse como 1910 possibilitando que ele trabalhasse de forma
legalizada: à época a idade mínima para poder trabalhar era de doze anos.
O compositor e cantor têm um longo
aprendizado, num arco que vai do marmiteiro às frustrações causadas pela
rejeição de seu talento. Quer ser artista – escolhe a carreira de ator. Procura de várias maneiras fazer seu sonho
acontecer. Tenta, antes do advento do rádio, o palco, mas é sempre rejeitado. Sem padrinhos e sem instrução adequada, o ingresso nos teatros como ator lhe é para sempre abortado. O samba,
no início da carreira, tem para ele caráter acidental. Escolado pela vida sabia
que o estrelato e o bom sucesso econômico só seriam alcançados na veiculação de
seu nome na caixa de ressonância popular que era o rádio.
Adoniran percebe as possibilidades que se
abrem a seu talento. Quer ser ator, popularizar seu nome e ganhar algum
dinheiro, mas a rejeição anterior o leva a outros caminhos. Sua inclinação
natural no mundo da música é a composição, mas, nesse momento, o compositor é
um mero instrumento de trabalho para os cantores, que compram a parceria e, com
ela, fazem nome e dinheiro. Daí sua escolha recair não sobre a composição, mas
sobre a interpretação.
O mergulho que o sambista fará na
linguagem, suas construções lingüísticas, pontuadas pela escolha exata do ritmo
da fala paulistana, irão à contramão da própria história do samba. Os sambistas
sempre procuraram dignificar sua arte com um tom sublime, o emprego da segunda
pessoa, o tom elevado das letras, que sublimavam a origem miserável da maioria,
e funcionavam como a busca da inserção social. Tudo era uma necessidade
urgente, pois as oportunidades de ascensão social eram nenhumas e o conceito da
malandragem vigia de modo coercitivo. Assim, movidos pelos mesmos desejos que
tinha Adoniran de se tornar intérprete e não compositor, e a partir daí
conhecido, os compositores de samba, entre uma parceria vendida aqui e outra
ali, davam o testemunho da importância que a linguagem assumia como veículo
social.
O seu primeiro sucesso como compositor
vira canção obrigatória das rodas de samba, das casas de show: Trem das Onze. É bem possível que todo brasileiro conheça,
senão a música inteira, ao menos o estribilho, que se torna intemporal.
Adoniran alcança, então, o almejado sucesso que, entretanto, dura pouco e não
lhe rende mais que uns minguados trocados de direitos autorais. A música, que já
havia sido gravada pelo autor em 1951 e não fizera sucesso ainda, é regravada
novamente pelos “Demônios da Garoa”, conjunto musical de São Paulo (esta cidade
é conhecida como a terra da garoa, da neblina, daí o nome do grupo). Embora o
conjunto seja paulista, a música acontece primeiramente no Rio de
Janeiro,
com sucesso retumbante.
Adoniran sabe disto,
mas mesmo assim seu desejo cala mais fundo. O primeiro casamento não dura um
ano; o segundo, a vida toda: Matilde. De grande importância na vida do
sambista, Matilde sabe com quem convive e não só prestigia sua carreira como o
incentiva a ser quem é e como é, boêmio, incerto e em constante dificuldade.
Trabalha também fora e ajuda o sambista nos momentos difíceis, que são
constantes. Adoniran vive para o rádio, para a boêmia e para Matilde.
Numa de suas
noitadas, de fogo, perde a chave de casa e não há outro jeito senão acordar
Matilde, que se aborrece. O dia seguinte foi repleto de discussão. Mas Adoniran
é compositor e dando por encerrado o episódio, compõe o samba Joga a chave.
Nos últimos anos de vida, com o enfisema avançando, e a impossibilidade de sair de casa
pela noite, o sambista dedica-se a recriar alguns dos espaços mágicos que
percorreu na vida. Grava algumas músicas ainda, mas com dificuldade – a
respiração e o cansaço não lhe permitem muita coisa mais – dá depoimentos
importantes, reavaliando sua trajetória artística. Compõe pouco.
Adoniran Barbosa morre em 1982, aos 72
anos de idade.
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vamos recordar ouvindo uma das composições que marcou época muito cantada no país todo.
3 comentários:
Uma ótima lembrança. Tive o prazer de ver ele bem de pertinho, num show no aniversário de SP no ano de 1980. Estavam com ele, Clementina de Jesus, Demônios da Garoa e Sivuca. Foi o mair show que assiti. Pena que naquele tempo não tinha celular e eu não tinha uma máquina de foto.
Muito Bom falar dele!
Um compositor que marcou época e ainda marca com suas músicas, que tocam em festas diversas. O trem das onze, entre outras que ainda cantamos.
Adorei ouvir e ler, sempre é bom matar a saudade de coisas que se foram e são insubstituível.
Sou fã dessa cara, Seo Afonso, mas não sabia muito da sua história, obrigado por compartilhar. Abraço. Jonas Santana
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