ÊXODO DO LAGUNENSE
Conhecemos o êxodo do nordestino; a falta de chuva, a escassez da água, foram fatores predominantes, entretanto quero narrar neste texto outro tipo de êxodo que aconteceu no passado e que fez um grande número de lagunense sair de sua terra natal. Não foi a seca nem a falta da água, foi simplesmente falta de cultura, ou melhor: a cidade que ficou conhecida nacionalmente pelos seus estudos, primário, ginasial e secundário, não tinha como dar sequência na formação de seus filhos ocasionando o êxodo cultural. Neste período inicia-se um centro de ensino na cidade vizinha de Tubarão, vindo assim a nascer a Unisul, hoje com uma área de abrangência enorme em todo o estado. Havia a possibilidade de termos naquela época uma extensão de algumas faculdades, mas como sempre os tradicionais se alvoroçaram e não aceitaram ficar submisso a Tubarão, como se Laguna tivesse alternativa, tanto é fato que até hoje não temos faculdades por iniciativa própria.
E assim o lagunense aos poucos começou sua trajetória mudando-se para as cidades mais próximas que lhes desse um futuro melhor a seus filhos. Florianópolis acolheu o lagunense de braços abertos, e a recíproca foi igual, talvez o cheiro do mar, a pesca da tarrafa, o camarão e o peixe no mercado tenha sido a razão; associo este fato com a vinda do açoriano, para Santa Catarina, conservando até hoje a língua e suas tradições, talvez o exemplo que melhor se coaduna.
Fui um dos retirantes de minha cidade natal, entretanto nunca a esqueci, mantenho na lembrança toda a passagem de minha infância e Juventude como um espelho fiel as minhas origens. Recentemente estive em Laguna e fui olhar a casa em que nasci. Na lembrança da imagem, escrevi:
Volta ao Passado
Na cronologia da vida
o tempo não volta.
Rever minha terra
de minha puerícia alegre
reminiscências afloram.
Casa antiga, lembranças.
Tudo parecia mudado,
jardim abandonado.
Uma pequena árvore pugnava para viver,
folhas rolavam ao vento, caidas ao chão.
Brotava uma imensurável saudade,
lagrimas vieram,
palpita o frágil coração.
Retorna o tempo,
no infinito dos sonhos,
manhã linda e majestosa,
como um presente dos deuses,
destaca o odor exalado das flores e folhas
Misturado à maresia,
formando um agradável aroma,
inebriante como a fragrância da vida.
Aqui eu nasci.