Certa
noite, altas horas, o sono não vinha, virava-me na cama, ligava a TV, trocava a
posição do travesseiro e o sono não chegava mesmo; assim sendo, comecei a
pensar na vida, milhares de imagens se formavam, lembrei parentes, amigos e por
fim recordei os ensinamentos da irmã Hitura, do colégio Stella Maris, minha
primeira professora de piano, falava sempre da ressurreição.
Desde
criança, aprendi ouvindo meus pais, meus avós, que um dia Jesus voltaria a
terra e iria ressuscitar todos os mortos.
Bem,
na primeira vez que veio a terra, foi por muitos ignorado, a grande maioria dos
povos só vieram a acreditar Nele, após sua morte. E a partir deste período tudo
foi registrado através de contos narrados pelas famílias de geração em geração.
Aí,
comecei a pensar: Jesus ao retornar a terra visitaria o mundo, como? De avião?
De navio? E o que mais me intrigava era aonde chegaria; Na América? Na
Europa?Na Ásia? Na África? Uma dúvida surgiu; como iria vestir-se? Calça jeans?
Talvez, mas o importante seria a simplicidade, requisito seu na primeira
visita. Para pregar ao povo não seria surpresa, usaria uma rede de TV, com
imagem em HD o que evitaria ter que andar tanto, além de atingir milhões de
ouvintes em todos os recantos do mundo. Mas, que pensaria Jesus da humanidade
hoje? Levando em conta sua última experiência, procuraria novamente um
pescador? Na sua infinita sabedoria conhece bem os pescadores de hoje, muitos
como os de Seu tempo, artesanais, outros verdadeiros indústrias da pesca; até drogas nos peixes já colocaram, traficando
este mal que muito assemelhou-se as piores doenças do seu tempo, fazendo da
humanidade uma raça doente, degradada pelos piores crimes. Acreditá-lo-ia no
pescador de hoje? E aí surgiu a minha maior dúvida: Quem seriam os seus
discípulos? Haveria necessidade? Quem nos dias de hoje teriam cacife para ser
chamados por Ele? Hoje está claro que os chavões usados pelas religiões, com
pequenas exceções, são na realidade verdadeiras falácias, como: “ Todas as religiões levam-nos à Deus”.Neste caso, as religiões que
tanto usam e exploram seu nome, seriam considerados seus representantes na
terra? Entrariam em conflitos, mesmo na presença Dele?
E assim, cada vez mais, encucava-me. Que
explicações dariam os homens que usaram seu nome para enriquecer, formando verdadeiras
quadrilhas de aproveitadores. Claro Ele
saberia separar o joio do trigo, já fez isto uma vez, porque existem muitos
religiosos verdadeiros, que acredito serão chamados para acompanhá-Lo. E o que
pensaria Jesus quanto à discriminação racial? Fato este que no seu tempo não
existiu. E da homofobia? Iria Ele apoiar estes novos fatos? Afinal contraria os
mandamentos de seu pai. E os governantes
como seriam julgados? Sim por que todos ao assumirem seus cargos, juram cumprir as leis dos homens e de
Deus. E como julgaria Jesus, nossas justiças? Estariam cumprindo realmente as
leis, afinal a todos os seus julgados juram dizer a verdade em nome de Deus,
seu pai. Assim pensei; uma coisa eu tenho certeza, para o apocalipse não terá
muito trabalho, não será necessário água, terremotos, ou outro tipo de
catástrofe. Reuniria os presidentes das grandes potências e diria: “Com
licença, necessito apenas apertar uns botões.” E agradecendo a todos diria:
Afinal, neste tempo todo que passei ausente, vocês criaram alguma coisa para
ajudar-Me a fazer justiça.
Texto:
Afonso Prates da Silva